Celulares: ligações, serviços e propaganda, muita propaganda
Por Regina Pires, de Brasília
Especial para Plurale
Os smartphones estão mudando o mundo, a comunicação de massa, os meios de propaganda, os negócios, as empresas. Um grande exemplo dado pelo diretor de Marketing de Produtos do Facebook, Eduardo Villalba, sobre o que está acontecendo no mundo digital é que uma empresa de táxi hoje em dia não precisa ter um carro, mas pessoas conectadas. O mesmo acontece com redes hoteleiras e outros tantos serviços oferecidos por meio de aplicativos, os apps, acessados nos smartphones.
O diretor do Facebook, um dos convidados da Aba Comunicação Digital – evento da Associação Brasileira de Anunciantes, que reuniu, em Brasília, nesta quinta-feira (15), atentos profissionais de mídia –, explica o motivo de anunciantes disputarem cada vez mais esse nicho da publicidade. “As pessoas interagem com o celular o dia todo, 41% olham antes de dormir, sendo a última coisa que fazem no dia, 34% ao acordar, 55% quando entra o comercial de TV, 26% em lojas físicas para comparar preços.”
Grande multinacionais já destinam 80% de verbas publicitárias para aplicativos, considerados “a porta de entrada” dos smartphones, lembra Villalba. Essa fatia tão grande dos recursos, segundo Marco Scabia, diretor da Logan, agência de mídia e marketing, tende a ser perseguida por demais empresas que, na maioria, por enquanto aplicam até 20% da verba de suas campanhas.
O Whattsap, Facebook, Instagran e Messenger lideram a lista de apps mais acessados, mas os profisssionais monitoram esse mercado com lupa, pois sempre há novidades surgindo, como o fenômeno mais recente que invadiu o país, Pokémon GO, criando oportunidades. “Não há espaço para acomodação”, defende a presidente executiva da ABA, Sandra Martinelli.
Segmentação
Para melhor explorar esse ambiente de publicidade, os profissionais lançam mão de uma ferramenta proporcionada pela própria tecnologia dos celulares. O ID, registro de cada smartphone permite conhecer acessos de interesse e dados importantes, como a área de sua localização.
Identificado o público alvo de uma campanha, ela será veiculada aos usuários de determinada faixa de renda, de determinada preferência, e assim por diante. “Ninguém mente para o celular. Não adianta dizer para ele que gosto de Beethoven, se o que ouço é o Wesley Safadão”, brinca o diretor da Logan. É assim que, se você estiver pesquisando carro para comprar, chegarão anúncios de um básico ou luxuoso, a depender, é claro, da acuidade do anunciante.
Esse conhecimento sobre as preferências e interesses de cada usuário de celular é também muito importante para evitar “encher” seu aparelho de informações que não interessam, preocupação que desafia o mercado. Outro desafio é o formato da propaganda e a abordagem, que deve ser criativa e de bom gosto. Isso, usando cada vez mais vídeos, gifts, ferramentas muito comuns nas redes sociais, no YouTube, principalmente pelos millennials, a garotada que nasceu na segunda metade dos anos 1990 e na primeira metade dos anos 2000. “Importante é ter informações sobre audiência e ser assertivo na segmentação”, explica Scabia.
Outra mudança trazida pelo uso de aplicativos é que os celulares voltaram a ficar grandes, mas cada vez mais leves. A tendência é que se aproximem, em peso, ao de um livro ou jornal, na faixa de 120 gramas a 150 gramas.
Para confirmar a tendência crescente de apps e de telefones móveis, Mauro Fusco, Head de Analytics e de Inovação da Kantar, apresentou a pesquisa mais recente da MMA, a Móbile Report 2016. O alcance de smartphones em regiões metropolitanas brasileiras é de 80,3% entre as classes A, B e C. Outro dado relevante do universo digital: brasileiros gastam em média 3 horas e 14 minutos do seu dia no celular. Entre os millennials, o tempo chega a 3 horas e 57 minutos. “O mobile é o que a TV sempre quis ser. Pode ser levado a qualquer lugar”, diz Mauro Fusco.
Fonte: Plurale – 15/9/2016