A revolução tecnológica em marcha
Terminou semana passada em Austin, no Texas, o South by Southwest (SXSW) Interactive 2106, entregando uma vez mais o que sempre entrega, ano após ano: surpresa e descoberta para os seus cerca de 35 mil visitantes. Foram 1.250 seções (palestras, workshops, demos, experiências, etc), das quais participaram 2,7 mil speakers, ocupando de ponta a ponta a cidade que, segundo dados da prefeitura, recebe durante o evento uma população flutuante de mais de 500 mil pessoas, incluindo as áreas dirigidas a música e cinema.
O evento é o que mais movimenta a economia da região, superando inclusive o Grande Prêmio de F-1. Por mais que se prepare analisando e planejando seu atribulado roteiro de atividades, boa parte de quem vai ao SXSW acaba desgovernado pela intensidade de alternativas à disposição, terminando por seguir uma lógica que não obedece muito a lógica nenhuma.
Essa é exatamente a primeira e maior contribuição do festival: tirar você do trivial conhecido e jogá-lo no caos da inovação, tecnologia e da disruptura, que nos cerca por todos os lados. Um ambiente onde planejar nem sempre dá certo e quase nunca dá tempo. Os que estiveram lá assistiram a uma diversidade de temas que vai do básico big data e analytics (poucas palestras) a virtual reality e augmented reality, as estrelas do evento este ano. De distribuição de conteúdo numa sociedade conectada à invasão dos robôs em nossas vidas. De wearables (que segue uma promessa) a inteligência artificial, passando pelo carro autônomo, a cidade conectada do futuro, as oportunidades de negócios em Cuba, os testes com chips implantados no cérebro das pessoas e até a conquista de Marte.
Num cenário tão variado assim, destacar alguns principais temas e tendências é sempre um desafio, mas vamos aqui a uma honesta e acurada tentativa da equipe de Meio & Mensagem, que por seis dias experimentou todo esse caos para lá de promissor.
Os temas virtual reality (VR) e augmented reality (AR) foram as estrelas do SXSW Interactive 2016 nas palestras, mas, mais ainda, na feira que ocupou o pavilhão central do Convention Center de Austin. Ali, a teoria discutida ao limite nos auditórios pôde ser comprovada e vivenciada na prática. Pelo menos uma dezena de estandes permitiam aos visitantes ver e quase tocar os mundos virtuais, que ambas as tecnologias criam para nos encantar, levando-nos de um lugar a outro, sem sair de onde estamos. É o começo do império da experiência imersiva, a droga tecnológica do século 21.
Quem já experimentou, tende a ficar viciado. Os recursos de hardware e software estão prontos para essa viagem. Óculos cada vez mais sofisticados e, por outro lado, outros cada vez mais simples e baratos, estavam no evento por toda parte. O que ainda se busca são as aplicações cotidianas dessas maravilhas, para o uso corporativo e de negócios das empresas, além de suas aplicações para o envolvimento de suas audiências, consumidores e usuários.
As experiências mostradas no evento são ainda tímidas nessas áreas. A Lufthansa e a The North Face, por exemplo, usam a VR nos seus pontos de venda, para promover experiências imersivas de viagens e aventuras idealizadas por seus públicos-alvo respectivos, que ali se tornam virtualmente reais. No caso da AR, os exemplos foram dos já conhecidos códigos que permitem assistirmos imagens e termos acesso adicional a informações de produtos aplicados em anúncios impressos em revista, ao uso da mesma tecnologia para redução de custos no call center, por meio de tutoriais embedados nos manuais de uso e nas embalagens dos produtos.
A impressão que fica é a de que o caminho está traçado e o norte ajustado. Estamos buscando agora um apuro maior nos conteúdos, serviços e novas práticas a serem colocadas dentro dessas maquininhas de encantamento. Não se sabe, tampouco, que analytics acoplar a tudo isso para ver se a conta fecha, até porque os modelos de negócio de uma base tecnológica tão nova ainda não foram claramente desenhados. Fase beta, em teste. Em algum momento, a equação se resolve.
(Meio&Mensagem 22/03/2016)