sábado, 18 de janeiro de 2025

Skol assume passado machista e ressalta a importância de evoluir

Marca convida ilustradoras para recriarem anúncios do passado e reconhece que a objetificação feminina não a representa mais

 

“Já faz alguns anos que algumas imagens do passado não nos representam mais”. Essa foi a frase de uma abertura de uma postagem feita pela Skol em seu canal no Facebook nessa quinta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, que vem ganhando uma forte repercussão na internet.

Em uma postura pouco comum no universo da publicidade, a marca da Ambev decidiu olhar com franqueza para seu passado e assumir publicamente que, por muito tempo, não tratou – e nem representou as mulheres – em suas campanhas da forma devida. “O que a sociedade espera hoje, em âmbito geral, é a verdade, tanto por parte dos políticos, quanto das empresas e também das próprias pessoas. Acreditamos que esse era o momento ideal para fazer essa análise e mostrar ao público que erramos, sim, mas que esse pensamento já faz parte do passado”, confessa Theo Rocha, diretor de criação da F/Nazca, agência de publicidade da Skol.

 

O pedido de desculpas da Skol ao público foi apresentado na forma do projeto Repôster, uma campanha que convidou seis ilustradoras para reconstruir campanhas e anúncios do passado da marca, no qual os corpos femininos eram usados como chamariz para a exposição da cerveja. “Não adiantava nada assumir que tínhamos uma visão incorreta em relação a representação da mulher se, novamente, restringíssemos a nós a responsabilidade de apresentar essa nova visão. Por isso, decidimos convidar essas mulheres para que elas pudessem fornecer uma interpretação própria de como querem se ver representadas”, explica o criativo.

 

Para realizar esse trabalho, a F/Nazca S&S buscou mulheres que estejam engajadas em questões feministas e que pudessem compartilhar das visões atuais da Skol a respeito da diversidade e da sociedade. O resultado deu origem a uma série de anúncios que estão sendo apresentados nas plataformas digitais da marca. Segundo o diretor de criação, além das artistas, a maior parte do time da agência que trabalhou nessa campanha foi composto por mulheres.

 

 

 

Posição incômoda

Mais do que assumir um erro, a campanha da Skol tem o propósito de ajudar a deixar para trás uma imagem que, até hoje, incomoda a agência e o anunciante.

“Com os meios digitais, a exposição de campanhas e imagens antigas acabam sempre vindo à tona. Isso pode até gerar, entre as pessoas, uma confusão, pois muita gente não consegue identificar que tais imagens são do passado e acabam pensando que continuamos fazendo campanhas da mesma maneira. Isso é bem incômodo para nós”, confessa Rocha. Por isso, a agência acredita que ao reforçar a modernização do pensamento da marca, auxilia a deixar a fase machista para trás. “Ao verem essas peças e campanhas atuais, fica mais fácil de compreender que a Skol mudou”, comenta.

Depois de fevereiro de 2015, quando sofreu um massacre nas redes sociais por conta de peças de mídia exterior que sugeriam que as pessoas deixassem o “não” em casa no carnaval, a marca passou a incluir a diversidade e o equilíbrio entre os gêneros em sua comunicação. No lugar de mulheres de biquíni e de trajes curtos, começaram a aparecer pessoas de diferentes cores e estilos, casais gays e indivíduos que, por muito tempo, foram classificados como fora dos padrões de beleza da publicidade.

“A Skol foi uma das primeiras marcas a deixar de lado os estereótipos e a abraçar uma comunicação mais inclusiva. Essa é uma forma de mostrar que não apenas o anunciante mas também a agência estavam vendo o mundo de outra maneira. É natural que os pensamentos e os comportamentos evoluam e é ótimo que uma marca reconheça que é preciso mudar para acompanha-los”, finaliza.

Fonte: Meio & Mensagem

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