Brasil encerra Cannes Lions com 99 Leões, crescimento de 10% sobre 2016
Apesar da crise econômica, o Brasil conseguiu aumentar em 10% o total de Leões angariados na edição 2017 do Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade. As agências brasileiras vão trazer 99 prêmios para casa, contra os 90 angariados no ano passado. O ‘Estadão’ é o representante oficial de Cannes Lions no País.
Neste sábado (24), o Brasil conquistou mais dois Leões de bronze. Um deles veio na categoria Integrated – que premia ações que conseguem integrar várias plataformas e mídias – para a campanha “Preço na Camisa”, feita pela DM9DDB para a varejista americana Walmart. Os jogadores do Fluminense, de Feira de Santana (BA), substituíram os números em suas camisas por preços de promoções do Walmart.
Em Film Lions, que escolhe os melhores filmes publicitários do mundo, a F/Nazca Saatchi & Saatchi ganhou um bronze para o filme “Tudo em Branco e Preto”, para a Leica. Há dois anos, a agência brasileira ganhou um Grand Prix (Grande Prêmio) na mesma categoria, com outro trabalho para a companhia de máquinas fotográficas.
O total de 99 Leões leva em consideração os quatro prêmios que o Brasil angariou nas categorias relacionadas ao festival Lions Health, evento paralelo ao festival de criatividade voltado especialmente ao setor de saúde e bem-estar. Entre as categorias, o mais forte desempenho brasileiro foi em Print & Publishing – que premia as ações de mídia impressa –, na qual o País teve 21 Leões.
Do total de Leões angariados pelo Brasil, 16 foram de ouro, 31 de prata e 52 de bronze. A AlmapBBDO foi a agência nacional com maior número de prêmios. Foram 22 Leões, o maior total já angariado pela empresa, que foi eleita agência do ano em Cannes Lions quatro vezes, a última delas em 2016. Neste ano, a Almap ficou em segundo lugar na competição entre as agências do ano, atrás da ClemengerBBDO, de Melbourne, na Austrália.
Membro do júri da categoria Titanium – considerada a mais importante de Cannes Lions –, o fundador do Grupo ABC, Nizan Guanaes, afirmou acreditar que o desempenho do Brasil foi “excepcional” no festival deste ano, especialmente quando se considera a grave crise que o País vive. Ele disse que o Brasil não conseguiu chegar a recordes anteriores, mas ponderou que “a economia tem de afetar de algum jeito o resultado”.
Grandes prêmios. Os Grand Prix das categorias Titanium e Integrated foram concedidos a campanhas globais de alto impacto. “Fearless Girl”, ou garota destemida, chamou a atenção do mundo para a questão do gênero ao colocar uma estátua de uma menina bem no coração de Wall Street, em Nova York. A campanha, feita pela McCann Nova York para o fundo State Street Global Advisors, ganhou quatro Grand Prix (Grande Prêmio) este ano, incluindo o de Titanium.
Já o prêmio máximo em Integrated foi para “Boost Your Voice”, ou amplie a sua voz, da operadora de telefonia americana Boost. A companhia, voltada ao público de renda mais baixa, detectou que havia uma falta de locais de votação em áreas mais pobres dos Estados Unidos. Por isso, resolveu pedir às autoridades para que suas lojas fossem usadas como seções eleitorais. A ação foi desenvolvida pela agência americana 180LA, Santa Monica.
Membro do júri que escolheu ambas as peças, Nizan Guanaes, que há cinco meses assumiu o comando da DM9DDB, frisou que ambas as peças são posicionamentos políticos. Ele lembrou que uma campanha adotou a briga pela igualdade de gênero como tema, enquanto a outra arregaçou as mangas e tentou mudar um sistema que impede classes menos favorecidas de ganhar voz por meio do voto.
‘Estadão’. Uma plataforma desenvolvida pela agência FCB Brasil para o ‘Estadão’ ganhou dois Leões de prata na categoria Design no Cannes Lions deste ano. A iniciativa “De Real para Realidade” faz um cálculo dos bens e serviços que poderiam ser proporcionados à população com o dinheiro desviado por práticas corruptas.
A plataforma converte automaticamente valores informados em notícias do ‘Estadão’. Por exemplo: com uma denúncia de desvio de R$ 52 milhões poderia significar 433.333 vacinas H1N1, 631 ambulâncias ou ainda 176 metros de linhas de metrô. Para complementar a informação, o conversor da moeda da corrupção mostra também notícias relacionadas em que aquele investimento poderia fazer a diferença para melhorar a vida das pessoas.